6.29.2007

Bird Girl



Para ver ao som de:
Bird Gurhl - Antony And The Johnsons



I am a bird girl now
I've got my heart
Here in my hands now
I've been searching
For my wings some time
I'm gonna be born
Into soon the sky
'Cause I'm a bird girl
And the bird girls go to heaven
I'm a bird girl
And the bird girls can fly
Bird girls can fly

6.09.2007

Efémero




Desde há muitos anos, que fui assombrado por um sentimento avassalador da efemeridade das coisas, sobretudo da vida. Sou constantemente relembrado que tudo tem um tempo, um breve instante de presença que desde logo está pré-destinado a desaparecer.

A nossa visão de efémero, é, como tudo o que nos rodeia, influenciada pela nossa perspectiva Humana. E como é fácil nos confundirmos nela.
Vejamos exemplos:
No dicionário da língua Portuguesa ( Porto Editora 6ª edição ), Efémero como adjectivo significa “ que dura só um dia; de pouca duração” e fala também de um grupo de animais, os Efemerídios que chegando a adultos, vivem apenas algumas horas.

Tudo se relaciona por uma escala, compreendo isso, sem escala, tudo perdia sentido. No entanto considero um bom exercício alterar a escala das coisas, e procurar novos pontos de vista.

Podemos ver algo que dura apenas umas horas como efémero, pois estamos a comparar com o nosso tempo de vida. No entanto, se compararmos com o tempo de vida de outros seres, aqui mesmo no nosso planeta, começamos a ter a percepção de como a nossa existência é breve.
A pouco mais de um kilómetro de onde vivo, existe uma árvore com uma vida estimada em mais de 500 anos. A pirâmide Djoser, a mais antiga do Egipto, data de 2700 A.C. , ou seja à quase 5.000 anos atrás. O nosso planeta tem cerca de 4.53 biliões de anos.

Os Portugueses, vivem em média 76 anos, o que dá aproximadamente, 27 mil dias. E destes, gastamos vários milhares a crescer e a educarmo-nos, e mais uns quantos milhares, perdidos sem saber o que fazer. Resta-nos tão poucos para vivermos verdadeiramente. Para complicar mais as coisas, tal como escreveu Milan Kundera, num livro que adorei cada página, A Insustentável Leveza do Ser, nós como só vivemos uma vez, só podemos tomar certas escolhas uma vez. É impossível vivermos esta vida de esta forma, outra vida de outra forma, e comparar e ver qual foi a mais acertiva.

Sim, eu sinto-me efémero, sinto uma angustia que tento esconder de mim mesmo, a cada dia que passa, constantemente relembrado da minha própria mortalidade. Luto para acreditar que não faz sentido o que somos terminar pela morte do nosso corpo, e que o fim que conhecemos é apenas o inicio para algo de novo. Mas é algo tão discutível. É outra batalha.

Acho que o importante, é que ao ter esta consciência, ao compreender o quanto somos breves, devemos retirar daqui a força, e a vontade para aproveitarmos aquilo que temos. O espaço que temos, o corpo que temos, a saúde que temos. Acredito na constante busca por algo melhor, mas nunca devemos negligenciar o que já temos.

Esta fotografia, é um instante da minha vida, uma pequena fracção de segundo, que me faz recordar de inúmeros pequenos momentos da minha vida, que não deixo que caiam no esquecimento.
Pois no fim, estaremos despojados de tudo, menos das nossas memórias.